36 - O ÓCULO (a corrigir)


Acendi uma vela. Com áspera amargura tomei o óculo, abri a vidraça - e olhei por ele, como da borda de uma nau que vai perdida nas águas. Sim, muito sagazmente o afirmara Justino, a asquerosa Patrocínio deixava-me o óculo com rancoroso sarcasmo - para eu ver através dele o resto da herança! E eu via, apesar da escura noite, nitidamente via o Senhor dos Passos, sumindo os maços de inscrições dentro da sua túnica roxa, o Casimiro, tocando com as mãos moribundas os lavores das pratas, espalhadas sobre o seu leito; e o vilíssimo Negrão, de casaco de cotim e galochas, passeando regalado à beira da água, sob os olmos do Mosteiro! E eu ali, com o óculo!

pg 263

No comments:

Post a Comment