UM RASGO DE PAIXÃO


Mas Alpedrinha, da beira do leito, gritava alvoroçado:
-Cavalheiro! Ainda há aqui roupa suja!
Rebuscando entre os cobertores revoltos, descobrira uma longa camisa de rendas, com laços de seda clara. Sacudia-a; e espalhava-se um aroma saudoso de violeta e de amor... Ai! Era a camisa de dormir da Mary, quente ainda dos meus abraços!
- Pertence à senhora D. Mary! É a tua camisinha, amor!- gemi eu, cruzando os suspensórios.


A minha luveirinha ergueu-se, trémula, descorada - e teve um poético rasgo de paixão. Enrolou a sua camisinha, atirou-me para os braços, tão ardentemente como se entre as dobras viesse também o seu coração.
- Dou-ta, Teodorico! Leva-a, Teodorico! Ainda está amarrotada da nossa ternura!... Leva-a para dormires com ela a teu lado, como se fosse comigo...

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