16 - ENTRADA NO SANTO SEPULCRO



Calcei então as minhas luvas pretas. E imediatamente, um bando voraz de homens sórdidos envolveu-nos com alarido, oferecendo relíquias, rosários, cruzes, escapulários, bocadinhos de tábuas aplainadas por São José, medalhas, bentinhos, frasquinhos de água do Jordão, círios, agnus-dei, litografias da Paixão, flores de papel feitas em Nazaré, pedras benzidas, caroços de azeitona do Monte Olivete, e túnicas "como usava a Virgem Maria!" E à porta do sepulcro de Cristo, onde a Titi me recomendara que entrasse de rastos, gemendo e rezando a coroa - tive de esmurrar um malandrão de barbas de eremita, que se dependurara da minha rabona, faminto, rábido, ganindo que lhe comprássemos boquilhas feitas de um pedaço da arca de Noé!
- Irra, caramba, larga-me, animal!

pg 94-5

No comments:

Post a Comment